Os trabalhadores da aviação executiva da Embraer que não forem transferidos para a unidade de Gavião Peixoto devem ser demitidos até dezembro. A informação foi transmitida pela própria empresa em reuniões com os trabalhadores, nessa quarta-feira (3).
A aviação executiva fica em São José dos Campos e possui cerca de 300 trabalhadores. Nas reuniões de ontem, os supervisores afirmaram que quem optou por Gavião Peixoto será transferido até dezembro.
Já aqueles que não se cadastraram para a transferência e não conseguirem outra área para trabalhar serão demitidos até o fim do ano. Há também casos de trabalhadores que optaram pela transferência, mas tiveram o pedido rejeitado pela Embraer. Esses também devem ser demitidos.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos estima que mais de 100 trabalhadores devem perder seus empregos, mas outras demissões já vêm ocorrendo. A Embraer, entretanto, não divulga os números.
“Os cortes vão na contramão do que a diretoria da Embraer e autoridades públicas, como o prefeito Felicio Ramuth, afirmavam em relação à venda para a Boeing. Desde o início das negociações, a empresa dizia que a transação comercial não ameaçaria o emprego dos trabalhadores no Brasil. Não foi por acaso que o Sindicato insistiu para que a Embraer garantisse estabilidade de emprego aos funcionários, o que sempre foi rejeitado pela empresa”, afirma o diretor sindical Márcio José Barbosa de Morais, o Zeca.
Assédio moral
Com o anúncio das demissões, a Embraer está obrigando os trabalhadores a aceitarem a transferência. Aqueles que não aceitarem têm de assinar agora o termo de concordância com a demissão.
“Todos sabem que o risco de demissão continua mesmo com a transferência, tendo em vista a diferença salarial entre as duas plantas. Não vale a pena mudar de cidade e a vida de toda a família para depois de meses serem demitidos. Eles não têm estabilidade no emprego e, portanto, têm toda razão de não aceitarem a transferência forçada”, completa Zeca.
O Sindicato já protocolou uma carta na Embraer solicitando uma reunião em caráter de urgência, mas a empresa se recusou a atender o pedido.
Os trabalhadores estão sendo orientados pelo Sindicato a não assinarem nenhum documento que possa colocar direitos em risco.
“O que a Embraer está fazendo é assédio moral coletivo e isso é crime”, conclui Zeca.